ATA
DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 07.05.1998.
Aos
sete dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se,
no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezessete horas e trinta e dois minutos, constatada a existência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão,
destinada a homenagear as Mães, pelo transcurso de seu dia, nos termos do
Requerimento nº 02/98 (Processo nº 34/98), de autoria do Vereador João Dib.
Compuseram a MESA: os Vereadores Luiz Braz e Clovis Ilgenfritz,
respectivamente, Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; o Professor Yehuda Gitelman, representante da comunidade israelita; o
Pastor Douglas Wehmuth, representante da comunidade evangélica; o Padre Armando
Marocco S.J., Coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional da UNISINOS; o
Senhor Luiz Fontanive Ferreira, Presidente em exercício da Associação Cristã de
Moços - ACM; a Senhora Izabel Ibias, representante da Secretaria Estadual de
Educação; a Senhora Elida Messias Ferreira, Presidente do Lar Santo Antônio dos
Excepcionais; o Senhor José Elias Flores, Presidente do Conselho de Cidadãos de
Porto Alegre; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário deste Legislativo. A seguir,
o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional. Após, concedeu a
palavra ao Vereador João Dib, que, em nome da Casa, registrou a importância do
Dia das Mães, afirmando que elas "deveriam ter para si todos os dias,
porque devem ser amadas sempre pelos seus filhos". Ainda, discorreu acerca
da criação do Dia das Mães e sua comemoração no Brasil, através de iniciativa
da Associação Cristã de Moços, com oficialização durante o Governo de Getúlio
Vargas. Após, foi efetuada uma salva de palmas à Senhora Júlia Kalile Dib, mãe
do Vereador João Dib, como uma homenagem a todas as mães presentes, e o Senhor
Presidente concedeu a palavra à Senhora Terezinha Cavalcanti, que declamou
poesia intitulada "Minha Mãe". Em continuidade, o Senhor Presidente
concedeu a palavra ao Professor Yehuda Gitelman, representante da comunidade
israelita, ao Pastor Douglas Wehmuth, representante da comunidade evangélica,
ao Padre Armando Marocco S.J., Coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional
da UNISINOS, à Senhora Mariclara Simões Silva, representante da ACM no Brasil,
à Senhora Cir Inês Bravo, representante da ACM do CONESUL, e ao Senhor Marco
Antônio Hoscheide, Secretário-Geral da ACM, que discorreram sobre o significado
do Dia das Mães junto as mais diversas culturas, ressaltando a importância do
papel exercido pela figura materna, como centro de valores e de propagação de
sentimentos e ideais no interior da sociedade humana. Após, o Senhor Marco Antônio Hoscheide procedeu à entrega de
placa ao Vereador João Dib, pelo empenho de Sua Excelência em homenagear
as mães. Também, o Senhor Luiz
Fontanive Ferreira procedeu à entrega de lembrança à Senhora Júlia Kalile Dib e
à entrega de placa à presidência deste Legislativo. Em prosseguimento, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Padre Armando Marocco S.J., que formulou
benção às mães, desejando-lhes saúde e perseverança na missão que exercem. A
seguir, Vereador Clovis Ilgenfritz, presidindo os trabalhos, registrou a
presença da Senhora Therezinha Cirila Del Hoyo, mãe da Vereadora Anamaria
Negroni, e lembrou os nomes de sua mãe, Senhor Odila Ilgenfritz da Silva, e da
Senhora Hercília Fernandes Leal, mãe
do Vereador Pedro Américo Leal, já falecida. Após, o Senhor Presidente convidou
os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense e, nada mais
havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e
Clovis Ilgenfritz e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos da 12ª Sessão
Solene que se destina a homenagear as mães pelo transcurso do seu dia, de acordo
com o PLL nº 2 - Proc. nº 34/98, de autoria do Ver. João Dib.
Convidamos
para fazer parte da Mesa o representante da Comunidade Israelita, Prof. Yehuda
Gitelman; representante da Comunidade Evangélica, Pastor Douglas Wehmuth;
Coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional da UNISINOS, Pe. Armando Marocco
S. J.; Presidente em exercício da ACM, Sr. Luiz Fontanive Ferreira;
representante da Secretaria Estadual de Educação, Sra. Izabel Ibias; Presidente
do Lar Santo Antônio dos Excepcionais, Sra. Elida Messias Ferreira; Presidente
do Conselho de Cidadãos de Porto Alegre, Sr. José Elias Flores.
Convidamos
a todos para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional.
(É
executado o Hino Nacional.)
Gostaríamos
ainda de registrar a presença do Ver. Pedro Américo Leal, da minha querida
amiga Derci Furtado, Ex-Vereadora e Ex-Deputada, do Ver. Clovis Ilgenfritz,
Vice-Presidente desta Casa, e do Ver. Paulo Brum, Secretário da Mesa.
O
Ver. João Dib está com a palavra, como proponente
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) A Sra. Derci Furtado fez, comigo, a
primeira festa do Dia das Mães em 1973, quando era Vereadora.
Não
vamos fazer um pronunciamento, porque já há alguns anos decidimos que os
Vereadores não falariam e que, em nome do povo de Porto Alegre, falaria o
Rabino, o Pastor e o Padre, que depois fariam uma benção ecumênica, não só para
as mães, mas para todos nós, e é por isso que serei muito breve.
As
mães deveriam e devem ter para si todos os dias, porque nós, filhos, devemos
amá-las, respeitá-las todos os dias, mas escolheram um dia. Uma moça que sofreu
muito por amor à sua mãe escolheu o dia, gastou sua fortuna para que este dia
fosse consagrado às mães - foi o
segundo domingo de maio. A ACM introduziu aqui no Brasil e, depois, o
Presidente Getúlio Vargas oficializou para todo o País.. Portanto, nós queremos
mesmo é ouvir o nosso Rabino, o nosso Pastor e o nosso Padre. Saúde e paz.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Também o Ver. Nedel está presente nesta
solenidade.
Eu
vou contar um fato, aqui, antes de chamar a primeira oradora. Acho que é do
conhecimento quase que geral, Ver. Pedro Américo Leal. O Ver. João Dib, quando
chega esta oportunidade do Dia das Mães, costuma fazer uma homenagem às mães da
Casa, às esposas dos Vereadores: ele manda de presente, para cumprimentar todas
as senhoras da Casa, um licor muito gostoso, que recebe o nome de “Dona Júlia”,
que é exatamente a mãe do Ver. João Dib. Ele é uma pessoa muito carinhosa
fazendo esta homenagem às mães da Câmara Municipal, que representam,
praticamente, as mães da Cidade - eu sei que ele gostaria de mandar para todas,
mas manda para as mães da Casa. Eu gostaria que nós fizéssemos uma homenagem à
sua mãe, a Dona Júlia, ela que está no Plenário nos prestigiando, aplaudindo-a.
(Palmas.)
A
Sra. Terezinha Cavalcanti está com a palavra para declarar a poesia “Minha
Mãe”.
A SRA. TEREZINHA CAVALCANTI: Na ausência de minha mãe, que se
encontra muito longe, eu dedico este poema a todas mães presentes e
especialmente à Dona Júlia Dib, minha amiga.
“-
Minha mãe –
É
Mulher de antigamente... /e não se verga assim tão facilmente./ Já não se fazem
mais mulheres, com a sua fibra,/ que na corda bamba se equilibra.
Mulher Amiga.../ Forjada a fogo na bigorna
antiga./ Com sua têmpera de aço,/ desafiou o tempo e o espaço,/ venceu a vida
na queda-de-braço.
Minha
mãe/ mulher trabalhadeira e tão faceira,/ doceira e boa cozinheira,/ lavadeira
e prendada costureira,/ mulher verdadeira... e boa parideira.
Com
todo o seu porte, desafiou a sorte,/ enfrentou a vida e conheceu a morte./
Mulher forte... como tronco de videira./ Que, por uma vida inteira,/ frutificou
e deu sombra,/ a sombra amiga que a tantos abriga.
Minha
mãe.../ é a madeira de lei/ do velho tronco de cedro./ Do sândalo, é o
perfume./ Conserva ainda um velho costume,/ na sua casa as portas sempre
abertas,/ para os amigos nas horas incertas./ À mesa! tinha sempre um prato a
mais,/ para quem chegava e de braços abertos, esperava.
Luisinha...
minha mãe,/ que na orfandade/ com tão pouca idade,/ deu as mãos aos seus
irmãos./ Valente desde menina,/ fortaleza e feminina./ Antigamente se fez
mulher/ e docemente.../ tantas vezes se fez mãe.” (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Presidência da Casa nos impõe
determinados compromissos que são inadiáveis. Eu fiz questão de abrir esta
Sessão e de participar, e disse que no meio da Sessão iria deixá-la para atender os compromissos. Eu solicito ao 1º
Vice-Presidente da Casa, Ver. Clovis Ilgenfritz, que assuma a Presidência dos
trabalhos. Peço escusas por não poder permanecer na solenidade.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): É com muita satisfação que assumo a
Presidência, tarefa que eu acho que deveria ser desempenhada pelo Ver. João
Dib; a formalidade pode ser quebrada pelo valor que a gente reconhece no Ver.
João Dib, que nos representa nesta hora. Todos os Vereadores estão concentrados
na palavra dele e no que vamos ouvir dos ilustres convidados.
O
professor Yehuda Gitelman, representante da comunidade israelita, está com a
palavra.
O SR. YEHUDA GITELMAN: Eu peço autorização ao Presidente e ao
Ver. João Dib, para romper o protocolo, pois não memorizei todos os integrantes
da Mesa; mas sejam todos abençoados nesta tarde de homenagem às mães.
Eu
começaria citando um texto bíblico, do Gênesis 21, que diz: “E o Eterno visitou
Sarah; como disse e fez o Eterno a Sarah como falou, concebeu e deu à luz Sarah para Abraão um filho, em sua velhice,
no prazo determinado, no qual falara um anjo de Deus com ele”. Acabamos de ler
o texto no qual Deus anuncia para Sarah que ela terá um filho; que mais do que
ter um filho, ela será mãe. E o curioso deste texto é que Deus anunciou isto
para Sarah quando ela tinha nada mais nada menos que 90 anos. Poderia parecer
estranho para nós este anúncio de que uma mulher com idade avançada poderia
conceber um filho. A resposta é justamente o motivo pelo qual estamos aqui: a
importância de ser mãe. A importância de educar, de criar um novo ser, de poder
superar tudo aquilo que é necessário, até, justamente, o Poder Divino, como
Sarah faz neste texto bíblico, simplesmente por querer ser mãe. Sarah sabia
muito bem que só se sentiria completa, não importava a idade, quando ela
conseguisse ser mãe. O sofrimento de
uma mãe se repete mais de uma vez, não só no Pentateuco, como na Bíblia toda.
Todas as matriarcas: Rebecca, Rachel, Léa, e na Bíblia especificamente, Hanna
sofrem para chegar a ser mães, mas elas conseguem superar o Poder Divino.
Nossos sábios da Cabala, no Livro Zohar, dizem: “A mãe, nas esferas celestiais,
é chamada de Rainha; ela é responsável, na hora da concepção, de formar o preto
do olho, os cabelos, a pele e a carne. Sócia com Deus da Criação, a fusão entre
o espiritual e o material.”
Toda
mãe, meus amigos, ajuda a tecer a trama física e espiritual do seu lar, a
forjar o elo para a posteridade e a transformar seu lar numa lanterna que iluminará todo o ambiente.
Falarei,
especificamente, para encerrar, aos meus queridos jovens, para aqueles que,
hoje, têm o desafio - como diz um dos Dez Mandamentos - de “ honrar e amar a
mãe”. Falarei para aquelas que, futuramente, serão mães, para que possam
aprender tudo aquilo que, hoje, vocês têm de suas mães, para, futuramente, em
seus lares, transformá-los em verdadeiras lanternas. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Pastor Douglas Wehmuth está com a
palavra, representando a Comunidade Evangélica.
O SR. DOUGLAS WEHMUTH: Sinto-me honrado por, mais uma vez, estar
representando a Comunidade Evangélica da Igreja Evangélica Luterana nesta Casa,
neste Plenário, que se transforma numa espécie de templo, quando nós
homenageamos as nossas queridas mães, quando nós damos graças a Deus pelo
privilégio de termos uma mãe. Obrigado, Ver. João Dib, mais uma vez, pelo
convite. É um privilégio estar com V. Exa, com seus colegas da Casa e,
especialmente, com as queridíssimas mães aqui presentes.
Quero
trazer dois simples aspectos para a nossa consideração. O primeiro deles: imagino
que todos os senhores, todas as senhoras viram a reportagem, veiculada
internacionalmente nos últimos dias, a respeito das crianças órfãs da Romênia.
Eu tive a graça e o privilégio de estar na Romênia algumas vezes, nos últimos
anos, e confirmo o que a reportagem internacional trouxe a respeito das
crianças órfãs desse País do Leste Europeu. Crianças que, segundo a reportagem,
foram lançadas em depósitos de lixo humano, o que as transformou em bichos
humanos, trazendo isso, como conseqüência, a perda da emotividade, da
capacidade intelectual, de tudo aquilo que as caracterizava como seres humanos, inclusive a
“imago Dei” - a imagem de Deus - implantada nelas pela criação e por
Deus, o Criador.
Quando
assisti à reportagem, lembrei-me das ocasiões em que, andando pelos orfanatos
da Romênia, há alguns anos atrás, olhei para as vidas daquelas crianças que
clamavam, que gritavam, que suplicavam por um abraço, que não tinham quem para
elas sorrisse, que não tinham ninguém que as abraçasse, ninguém que as beijasse,
ninguém que repartisse com elas um pingo de ternura, um pingo de carinho. E aí
vem a reportagem falando da calamidade das crianças órfãs da Romênia.
No
Dia das Mães, no dia em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre homenageia
as nossas mães, eu tenho um sonho, um sonho não em preto e branco, mas um sonho
estereofônico, um sonho muito amplo, em terceira dimensão, de que nós
encontremos mães que ainda saibam abraçar, a exemplo daquela poesia que aqui
foi lida: a mãe à moda antiga, a mãe que tem tempo para o filho, apesar da sua
dupla jornada, a mãe que tem tempo e que tem abraços e braços, que tem beijos,
beijos de aço, “as mulheres de aço” como é o título daquele filme.
Sonho
com mães que abraçam seus filhos, que a sociedade porto-alegrense seja enriquecida
com meninos e meninas, moços e moças, homens e mulheres que verdadeiramente
sejam pessoas, porque foram criados segundo a imagem de Deus.
O
segundo aspecto a que quero me referir é a declaração de um dos estadistas da
idade moderna, que, há muito tempo
atrás, disse: “Aquilo de que o mundo mais precisa, de que o mundo mais carece é
de mães cujos valores sejam marcados pelos valores de Deus”.
Quando
chegamos e fomos para o pequeno Salão Nobre, falávamos de um tempo sem valor,
de um tempo em que os absolutos, há muito, foram relativizados, em que os
relativos, de uma maneira legalista, ditatorial, foram absolutizados.
Nós
precisamos de mães que não só interpretem, mas vivenciem o absoluto de Deus;
não de um Deus distante, não de um Deus que é simples energia cósmica, mas de
um Deus que vem nos abraçar e que, por isso mesmo, podemos abraçar, de um Deus
que vem repartir conosco o seu jeito de ser, de um Deus que tem rosto e cara, o
rosto e a cara do Messias, de um Messias que vem mostrar, que vem-se apresentar
como paradigma, como padrão, como referencial para a nossa sociedade.
Que
Deus dê às mães de Porto Alegre a ousadia e a coragem, que Deus dê a nós, como
famílias, a ousadia e a coragem para buscarmos os valores absolutos de Deus,
que não nos escravizam; pelo contrário, nos libertam e nos fazem alçar vôos
mais altos, onde, por conseqüência, uma sociedade pode ser diferente, muito
mais humana, muito mais livre, muito mais liberta, muito mais vibrante e
gozando a abundância da vida que Deus tem prevista para cada um de nós.
Que
Deus instrumentalize as mães aqui presentes e todas as mães de Porto Alegre
para que Porto Alegre seja um alegre porto. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Padre Armando Marocco S.
J., Coordenador do Núcleo de Orientação Vocacional da UNISINOS.
O SR. ARMANDO MAROCCO S. J.: Em primeiro lugar, quero felicitar esta
Casa e, de modo especial, o Ver. João Dib
por esta promoção de homenagem
às mães. Eu tomei, como tema, a maternidade. O que é a maternidade? E
lembrei-me de uma frase latina que diz: Bonum
est diffusivum sui, “O bem necessita, por sua natureza, se difundir”. Qual
o é o sumo bem, prezadas mães? É Deus.
E Ele necessita se difundir, o mais possível, por todos os aspectos e modos da
natureza: a natureza vegetal, a natureza animal, as riquezas da natureza e,
principalmente, a natureza humana, criada a Sua imagem e semelhança. E Ele
inventou uma maneira de se difundir, através da criação de outros seres, que são os seres humanos. Este
consagrado pensamento latino , o bem tem de, por natureza, por necessidade, se
difundir, se multiplicar, se aperfeiçoar até chegar a sua perfeição que é o
amor. Essa frase latina expressa a realidade do amor divino que, por natureza,
é um bem que se concretiza, difundindo-se infinitamente, criando e
desenvolvendo suas criaturas, sob as mais variadas formas da natureza, em seu
sentido mais amplo e ilimitado. A bondade do amor de Deus se atualiza, de modo
muito especial na natureza humana, através da maternidade que exprime e
manifesta sua sabedoria, seu amor e dinamismo de atuação. Com efeito, vários
textos bíblicos expressam essa Providência Divina de Ele atualizar-se através
de cada ser humano que vem a este mundo desde o seu primeiro momento da
concepção . Deus criou o homem a sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou, e os
criou homem e mulher. E Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam fecundos,
multipliquem-se encham e submetam a terra” -
Gênesis, Capítulo I, versículos 27 e 28. Portanto, ainda falta muito
para cumprirmos essa ordem de Deus - “Crescei,
multiplicai-vos e enchei a terra” -, porque cada pessoa, cada criança,
cada nascituro é, no seu ponto de partida, uma imagem e semelhança de Deus.
Cabe a nós reconhecermos a dignidade de cada nascituro, de cada criança que vem
a este mundo.
O livro de Jó diz o seguinte: “Quem me formou
no ventre materno não formou também eles, os demais? Não só Jó, mas todos os demais, nós, as mães e os seus filhos;
foi o mesmo Deus que nos formou no seio materno. Mas Deus não se limitou a dar
ordem aos seres humanos para se multiplicarem. Ele abençoa e protege o ser
humano desde a sua concepção. Será que Ele abençoa desde a sua concepção essas
crianças atiradas na rua? Será que Ele abençoa desde a concepção esses filhos
que não são reconhecidos, não conhecem, nunca conheceram, nem sabem que são os
seus pais? Será que Deus não abençoou também as famílias altamente situadas na
sociedade, na sua vida social e econômica e que põem fim a sua vida pelo
desespero? Pela droga? Por todas as dissoluções de uma vida humana. Foram
abençoados. Cada vez que passo ali no Hospital São Pedro ou vejo um desses
andarilhos maltrapilhos que não falam, que dormem na rua, eu lembro, ele foi
abençoado por Deus, mas essa benção não é eficaz? Ela é eficaz, porém, através
de nossa consideração, respeito, amor e ação para essa crianças. Não é verdade
que o maior índice de nascimentos se encontra, Srs. Vereadores, nas nossas
vilas populares? Eu conheço mães com 10 filhos, que nem sempre sabe quem são os
pais. Nós dizemos: “É uma marginal! Ela não tem juízo. Ela está procriando sem
poder educar, sem ter recursos”. Mas, ela sente, dentro de si, a necessidade da
maternidade. Cada filho que nasce é uma alegria, mas, depois se perde. Por quê?
Uma boa pergunta. Nesse Dia das Mães, nós temos muito a pensar, a decidir e a
fazer, não só os Srs. Vereadores, mas, nós, meu prezado Rabino, meu prezado Pastor. Nós temos muito o que fazer
por essas crianças abençoadas e temos que continuar essa bênção de Deus,
através de nossos recursos humanos e educacionais.
Há
pouco tempo, me dizia um jovem que foi interno no Pão dos Pobres: “Adorei,
quando saí de lá me revoltei, porque não tinha para aonde ir.” Aqueles Irmãos, por sua vocação, reconheciam o
abençoado por Deus desde a sua concepção, lhes deram a oportunidade de sentir a
sua dignidade.
Nós
precisaríamos de, no mínimo, dez Pão dos Pobres em Porto Alegre, no mínimo,
aqui em Porto Alegre. Precisaríamos de umas dez creches para atender essas
crianças que são abençoadas e nós temos que continuar com essa bênção durante
esse período em que eles não têm pai.
A mãe, sente felicidade de gerar, e sentir
nos seus braços aquela criança. É tão maravilhoso ver como jovens de quinze
anos, meninas ainda, anseiam pela maternidade, porque parece que é o único bem
que elas podem ter, ter uma criança sua em seus braços. Não nos esqueçamos que
isso é uma bênção de Deus, mas também seria
irresponsabilidade? Não é fácil de responder.
Eu
pergunto: será uma irresponsabilidade nossa? Em primeiro lugar, seria uma
irresponsabilidade nossa, dos religiosos, com a aceitação do poder público?
Nós
precisaríamos multiplicar, e eu dizia ao Sr. Pastor que, se nós religiosos
apresentarmos campos de trabalho brilhante, vamos ter muitas vocações. Mas
essas casas estão terminando, as creches, e os jardins de infância, que
deveriam ser multiplicados em cada centro não só nos ambientes de
marginalidade, mas também nos ambientes de vida social onde os pais lutam com
dificuldades para darem educação, embora tenham bens com facilidade, mas que
também necessitam de alguém que lhes diga: “Esse seu filho que está lhe
causando dificuldade, em primeiro lugar, é um abençoado.” Precisamos ajudá-los
a entender essa benção e essa natureza divina que se encontra naquela criança,
naquele adolescente, naquele jovem e na prezada mãe, independentemente de idade
- a senhora é uma abençoada e todas as
mães que aqui estão -, eu reconheço o brilho de suas vidas, o amor de seus
corações e que necessitariam de nós, uma força, um apoio, fundamentado na
palavra divina. Deus disse o seguinte: “Ouçam-me, Casa de Jacó, resto da Casa
de Israel, vocês que eu carrego desde que nasceram, e carrego no colo desde o
ventre materno” conforme lemos no profeta Isaias. E no próprio Isaias nós lemos
ainda: “Assim diz Javé, o seu redentor, que formou você desde o ventre de sua
mãe”. E o salmista, salmo 71, brilhante, diz o seguinte: “Já no ventre materno
eu me apoiava em ti, Senhor, e no seio materno tu me sustentavas. Eu sempre
confiei em ti”.
Prezadas
mães, a maternidade é um dom divino e cabe a nós, primeiro lugar nós, os
religiosos, e aos Senhores, também religiosos, batizados nas mais diferentes
formas religiosas, a nós todos cabe, nesse Dia das Mães, reconhecer que elas
estão colaborando neste plano divino, não só elas, nós também, criando
ambientes para que esse seres que foram abençoados desde o ventre materno,
desde a sua concepção encontrem em nós a compreensão desde o valor da vida
humana, que é a vida divina, do amor humano, que é o amor divino, da ação
humana, que é a ação divina colocada em nossas mãos. Creches, jardins de
infância, escolas e as pessoas da sociedade que mantêm empresas, industrias,
comércios e que foram batizados, despertem para abrir caminhos, não só em investimentos
materiais, mas em investimentos humanos. E a esta Casa, que lhe compete a
grande missão de administrar esta Cidade de Porto Alegre, os respeitos pela
compressão Dia das Mães, mas com o respeito que nos leve ao amor e a ação em
benefício destas crianças, jovens e adolescentes, e de todas as idades, idosos
também Professor, dando-lhes o que eles não têm condições de buscar, e que nós
podemos só sacrificar um pouquinho. Se cada família assumisse o auxílio de ser
padrinho de uma criança, uma só, desta Cidade, nós poderíamos fechar as portas
das prisões. Que assim seja. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Mariclara Simões Silva está com a
palavra, que fala pela ACM do Brasil.
A SRA. MARICLARA SIMÕES SILVA: Queridos companheiros, componentes desta
Mesa, a todos os presentes, as nossas irmãs mães acemistas, estou aqui com
muita alegria, e porque não dizer com muita emoção, para fazer o meu
agradecimento pessoal a Deus, por ter me dado a oportunidade de estar aqui hoje
ouvindo tanta coisa bonita, como mãe acemista. E também quero agradecer a esta
Casa de Lei, a Câmara Municipal de Porto Alegre, que não só abriu as suas
portas para esta homenagem, como abriu também o seu coração. Nós queremos, em
nome de todas as mães acemistas do Brasil, dizer: Deus lhe pague. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Cir Ines Bravo está com a palavra
para falar em nome da ACM do CONESUL.
A SRA. CIR INES BRAVO: Boa tarde a todos. Eu sou dirigente
voluntária da ACM da Fronteira e neste momento estou representando a ACM do
Uruguai. Coube a mim a responsabilidade de agradecer, em nome das ACMs do
CONESUL, Uruguai e Argentina, à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, ao Sr.
João Dib, que foi um dos promotores desta idéia do Dia das Mães, especialmente
neste ano que marca os 80 anos de comemoração desta data no Brasil. Meu
agradecimento é breve, mas não quero terminá-lo sem antes ler um poema, editado
no ano passado no caderno de reflexões sobre as mães, escrito pelo grande poeta
gaúcho Mário Quintana, que é atemporal, onde, de maneira sensível e profunda,
ele nos mostra a grandeza da maternidade. O poema se chama “Mãe é Vida”, e diz:
“Mãe, são três letras apenas as desse nome bendito; três letrinhas, nada mais;
e nelas cabe o infinito; é palavra tão pequena, confessam mesmo os ateus, é do
tamanho do céu, é apenas menor que Deus”. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Secretário-Geral da ACM, Marco
Antônio Hoscheide, está com a palavra.
O SR. MARCO ANTÔNIO HOSCHEIDE: Exmo. Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre,
Ver. Clovis Ilgenfritz; Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.)
A
honra que nos é concedida por esta Casa, nesta Sessão Solene requerida pelo
Ver. João Dib, muito nos sensibiliza e, por isso, somos muito agradecidos.
Hoje, 07 de maio, encontramo-nos reunidos para prestarmos uma homenagem àquela
que, mesmo nos momentos mais adversos, independentemente da sua condição
social, cultural, tem sempre uma palavra alentadora, um gesto de carinho, de
consolo para nos dar: a Mãe.
No
próximo domingo, segundo deste mês, estaremos comemorando o dia dedicado ao
amor, o Dia das Mães, símbolo de carinho, de afeto e de muita dedicação.
Para
a Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, esta é uma data muito especial,
pois foi com este sentido de devoção que uma acemista, ligada à Igreja
Metodista, de nome Anne Jarvis, querendo homenagear a sua mãe e tornar público
o seu agradecimento pelo amor e orientação recebidos, promoveu, na localidade
de Krawford West, Virgínia, nos Estados
Unidos, a primeira manifestação de louvor, no segundo domingo de maio do ano de
1908. Passados dez anos, o então Secretário-Geral da ACM de Porto Alegre, Mr.
Frank Long, realizou a primeira comemoração do Dia das Mães no Brasil no dia 12
de maio de 1918. Reconhecida pelo Presidente da época, Getúlio Vargas, essa
celebração foi oficializada por decreto em 1932. Quinze anos depois, já em
1947, foi incluída no calendário da Igreja Católica pelo Cardeal D. Jaime de
Barros Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro.
Senhoras
e Senhores, feito o registro histórico da evolução desta homenagem, gostaríamos
de dizer que nos sentimos muito à vontade nesta semana que consagramos às mães, não somente pelo
privilégio de termos introduzido no País essa comemoração, mas porque os nossos
princípios filosóficos a consideram a base da formação da família, e, para nós,
família é a reserva moral de uma nação. Mas sentimo-nos ainda mais
privilegiados por contarmos com uma expressiva presença de mães do nosso quadro
social, que fazem da ACM de Porto Alegre uma extensão dos seus lares,
contribuindo com sua parcela de alegria, entusiasmo e participação, nas
atividades esportivas, de lazer, sociais e culturais.
Agradecendo
aos senhores representantes da comunidade de Porto Alegre, em especial ao Ver.
João Dib, requerente desta Sessão que nos homenageia pela comemoração do Dia
das Mães, permitam-nos deixar a nossa mensagem: desejamos que no octogésimo
aniversário do Dia das Mães todas as mães, de todas as raças e condições
sociais, possam sentir a alegria de serem muito amadas. E se a mãe já não
estiver presente, eleve o seu pensamento e troque um sorriso. Muito obrigado.
(Palmas)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Teremos uma homenagem ao Ver. João Dib,
que será feita pelo Sr. Marco Antônio Hohscheide, que fará a entrega de uma
placa.
O SR. MARCO ANTÔNIO HOSCHEIDE: Vou ler o conteúdo da placa que será
entregue: “Ao amigo e acemista Ver. João Dib, os cumprimentos da Associação
Cristã de Moços de Porto Alegre pelo empenho em homenagear a mulher-mãe,
enfatizando sempre o real significado do papel que ela exerce na sociedade
atual. Afetuosamente, Diretoria da ACM de Porto Alegre.”
(Faz
a entrega da placa ao Ver. João Dib.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Luiz Fontanive Ferreira fará a
entrega de um presente à Dona Júlia, que representa as mães nesta homenagem.
(É
feita a entrega de um presente à Dona Julia.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Luiz Fontanive Ferreira fará a
entrega de uma placa para homenagear no nosso Legislativo.
(Faz
a entrega da placa ao Sr. Presidente.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: (Lê a placa.) “A Associações Cristã de
Moços de Porto Alegre congratula-se com o Município de Porto Alegre e Câmara de
Vereadores, por ser a nossa Cidade a introdutora do Dia das Mães no Brasil.”
Assinado: Bernadete Maria Franco Cunha, Presidente; Marco Antonio Hoscheide,
Secretário-Geral. Maio/1998.
Com
a palavra o Padre Armando Marocco S. J, que fará uma bênção às mães.
O SR. ARMANDO MAROCCO: Utilizarei uma das fórmulas que nós
encontramos na Bíblia para abençoar essas mães no dia de hoje, como
colaboradoras do Plano divino. Que sintam-se muito felizes e que despertem em
nós, cada vez mais, o respeito e a admiração pelas Senhoras. “Que Deus
Todo-Poderoso vos proteja e vos guarde. Que Ele volte para vós o seu rosto e
vos dê a paz, e que essa paz encha os seus corações pela brilhante missão que
realizam. E que possam transmitir a seus filhos a benção que Deus também deu
desde a concepção no vosso ventre. Que Deus, Todo-Poderoso, Pai,
Filho, e Espírito Santo, vos
abençoe agora e sempre.”
O SR. PRESIDENTE: Amém.
Peço
licença para quebrar o protocolo e homenagear todas as mães na figura da mãe do
nosso Vereador Pedro Américo Leal, Dona Olina, já falecida, e também na figura
da minha mãe, Dona Odila, para que se
juntem à Dona Júlia para não ficar com uma sobrecarga, - os Vereadores são
muito danados. Também está presente a mãe da Vera. Anamaria Negroni, Sra. Terezinha, e do Ver. João Carlos Nedel,
Sra. Celestina. Para encerrar, vamos ouvir o Hino Rio-grandense.
(Executa-se
o Hino Rio-Grandense.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h40mim.)
* * * * *